Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

sábado, 30 de novembro de 2013

Últimas aulas

Olá pessoal!

Primeiro, desculpe a demora com a postagem! Tive alguns problemas com conectividade da internet essa semana.

Segundo, como o tempo voa! Encerrei as atividades do Círculo em 2 escolas essa semana e, na próxima, encerrarei as atividades em mais duas escolas. O sentimento? Eu realmente queria ter mais tempo para trabalhar com esses pequenos! Parece que finalmente a maioria das turmas estava no ritmo da abordagem, participando, cooperando, e desenvolvendo uma amizade  com seu grupo e comigo. Bom, mas vou relatar algumas experiências desses últimos encontros...

* Um dos alunos, após a atividade do labirinto, contou-me que foi para casa tentar fazer o caminho a partir da segunda casa. Ele chegou com uma folha na aula da outra semana com um desenho de labirinto dizendo que tinha conseguido. Olhei o desenho, mas ele tinha parado o caminho e começado em outro canto para conseguir fechar. Então ele disse "consegui fazer só desse jeito, acho que do outro jeito não tem mesmo como, fiquei até meia noite tentando!" - Imaginei sua família vendo ele tentar algo de matemática até tarde da noite porque ele queria tentar!

* Falando em labirinto, em uma das turmas, depois de os alunos tentarem várias vezes passar por todas as casas começando pela segunda casa, chegaram a conclusão de que não era possível. Perguntei "Mas, por quê?". A resposta de uma aluna me surpreendeu: "Acho que tem a ver com a quantidade de casas em cima e em baixo da casa que começamos. Se tem número ímpar de casas em cima e em baixo. Não é possível. Mas se tem número par de casas em cima e embaixo, conseguimos fazer o caminho." Perguntei aos outros: "O que vocês acham disso?". Logo, alguém respondeu: "Acho que precisamos testar em outras casas onde isso acontece para termos certeza." Começamos a testar, mas infelizmente, o tempo de aula terminou. Me surpreendeu o raciocínio para demonstrar que eles apresentaram! Tinham uma hipótese, mas sabiam que não podiam afirmar sem ter mais precisão.

* Em outra turma, onde realizamos a atividade de cortar as pizzas, na semana seguinte, 2 alunos vieram me contar que continuaram a atividade em casa. Um disse "cheguei a 50 pedaços!", tive que rir, "só 50, perguntei? 50 é bastante!", e ele respondeu "não, 50 é bem pouco!". O outro aluno me contou "cortei em 70 pedaços! E meu pai depois comprou uma pizza de verdade!"

* A mãe de uma de minhas alunos me procurou antes da aula e perguntou "você é a professora de matemática da minha filha?", respondi que sim e ela falou: "sempre chegamos um pouco atrasadas na escola, mas na sexta-feira (dia em que ela tem aula), tenho que chegar bem cedo, pois ela fica muito chateada se perder a aula de matemática!" - Foi engraçado ouvir isso sobre uma aula de matemática :)

*** Bom, infelizmente, sinto que em algumas turmas não cheguei ao objetivo da abordagem. Penso que 10 alunos realmente seja um número grande para determinadas turmas. Posso listar 5 turmas onde o trabalho não se desenvolveu da maneira esperada pois as crianças rapidamente se desconcentravam e não queriam participar. Me senti triste pois vi as outras turmas irem adiante, e muito felizes com as aulas do círculo, enquanto nessas turmas a aula não parecia despertar a atenção das crianças, ou quando despertava uma parte da sala a outra já estava distraída. É algo para se pensar, tive turmas com 10 alunos que foram maravilhosas, mas outras que acho que se dividisse em 2, o trabalho teria tido outra cara. Vi essa dificuldade, especialmente em escolas onde as crianças eram mais carentes. Só o fato de uma vir ao quadro, fazia com que todos quisessem vir, e 10 no quadro (que não é tão grande) não era possível, então as outras se dispersavam. Me parece que essas crianças precisam de muita atenção e fazem de tudo para ter essa atenção, mas quando todos lutam por isso ao mesmo tempo, o trabalho se torna difícil.

* Ah! Também queria falar sobre 2 turmas que atendo de 4ª série, todas as demais são do 2º ou 3º ano. No início, nessas turmas, onde tinha os alunos mais velhos, e ambas as turmas com 12-13 alunos, tive dificuldade para cativar esses alunos. Mas, as últimas 3 aulas, foram incríveis! Eles mudaram totalmente de postura, de alunos indiferentes a alunos participativos. Três alunos que eram extremamente agitados e agressivos, falaram nessas semana comigo: "Professora, ontem jogamos futebol, fizemos 5 gols e dedicamos eles a você!" Foi tão legal ouvir isso deles, ver o carinho e amizade que começamos a desenvolver. Muitos desses alunos da 4ª série se acham burros, acham que não sabem nada (parece que quanto mais velhos, menos crédito eles tem deles mesmos), por isso não querem participar, parece que desistiram de tentar, afinal, seus erros sempre fizeram com que fossem excluídos. Mas, ver essa mudança de postura, a participação deles nas últimas aulas... E vê-los brincar quando alguém errava, ou quando eles próprios erravam "mas somos muito burros mesmo!", mas agora era simplesmente uma brincadeira, eles riam e continuavam participando, é, não tem preço! - Obs: semana que vem, a professora deles vai viajar um dia e a direção da escola me procurou para que eu desse aula pra eles, acreditam? Aceitei e os alunos vibraram, algo que certamente não teria acontecido 2 meses atrás....

Acho que já escrevi demais! Vou, com certeza, sentir saudades desse alunos! Quer dizer, dos meus novos amigos :)

Um comentário:

  1. Samanta, que bom ouvir todas essas histórias! Parabéns! Fico muito feliz por vc e seus alunos!

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