Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

domingo, 10 de novembro de 2013

Dois cenários

Por algum tempo dei aula apenas na Victor Issler, uma escola em um bairro muito carente aqui em Porto Alegre. Tive alguns problemas referentes à indisciplina, mas acredito que isso é esperado em todas as turmas. Mais importante é que as crianças tem muita dificuldade na formalização dos números e passam boa parte do ano letivo sem entender direito as operações básicas. Nesse cenário, o Círculo da Matemática encaixou-se perfeitamente, em algumas turmas mais em outras menos, mas todas as crianças abracaram o método com muita empolgação a cada vez que participaram da aula. Viam problemas difíceis de matemática se resolverem perante os próprios olhos e pediam mais, e assim as aulas fluíam muito bem; vi a autoestima de algumas crianças brilhar, crianças que normalmente são quietas e reservadas fazendo de tudo para participar.
Num outro cenário, em uma outra escola num bairro de classe média me deparei com a situação oposta: as crianças já "sabiam" tudo. Pontos explosivos e bailarinas não aguçavam sua mente e logo eu via bocejos aqui e ali. Não tardou, no entanto, pra eu conseguir usar isso em favor do método. Passei as primeiras aulas revisando as 4 operações com eles e fazendo máquinas de funções primeiramente bem simples, mas depois relativamente complexas. Isso bastou pra elas se empolgarem e pedirem mais a cada aula. Em uma turma uma menina disse que não queria ir ao recreio, preferia continuar com a aula! Acho que a lição é que não há criança que não se encante com o método, e não há criança que desgoste da matemática ou a encare como um bicho papão depois de participar de algumas aulas. Chesterton dizia que se você abrir uma porta para uma crianca de 7 anos e disser que há um dragão atrás dela, ela irá se impressionar, mas que para uma crianca de 3 anos basta abrir a porta. Ou seja: algumas crianças serão atraídas pela informalidade e pelo aspecto lúdico do Círculo, outras pela realidade dura e absoluta de se trabalhar com números e encontrar sempre a resposta correta.

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