sábado, 30 de novembro de 2013
Últimas aulas
Primeiro, desculpe a demora com a postagem! Tive alguns problemas com conectividade da internet essa semana.
Segundo, como o tempo voa! Encerrei as atividades do Círculo em 2 escolas essa semana e, na próxima, encerrarei as atividades em mais duas escolas. O sentimento? Eu realmente queria ter mais tempo para trabalhar com esses pequenos! Parece que finalmente a maioria das turmas estava no ritmo da abordagem, participando, cooperando, e desenvolvendo uma amizade com seu grupo e comigo. Bom, mas vou relatar algumas experiências desses últimos encontros...
* Um dos alunos, após a atividade do labirinto, contou-me que foi para casa tentar fazer o caminho a partir da segunda casa. Ele chegou com uma folha na aula da outra semana com um desenho de labirinto dizendo que tinha conseguido. Olhei o desenho, mas ele tinha parado o caminho e começado em outro canto para conseguir fechar. Então ele disse "consegui fazer só desse jeito, acho que do outro jeito não tem mesmo como, fiquei até meia noite tentando!" - Imaginei sua família vendo ele tentar algo de matemática até tarde da noite porque ele queria tentar!
* Falando em labirinto, em uma das turmas, depois de os alunos tentarem várias vezes passar por todas as casas começando pela segunda casa, chegaram a conclusão de que não era possível. Perguntei "Mas, por quê?". A resposta de uma aluna me surpreendeu: "Acho que tem a ver com a quantidade de casas em cima e em baixo da casa que começamos. Se tem número ímpar de casas em cima e em baixo. Não é possível. Mas se tem número par de casas em cima e embaixo, conseguimos fazer o caminho." Perguntei aos outros: "O que vocês acham disso?". Logo, alguém respondeu: "Acho que precisamos testar em outras casas onde isso acontece para termos certeza." Começamos a testar, mas infelizmente, o tempo de aula terminou. Me surpreendeu o raciocínio para demonstrar que eles apresentaram! Tinham uma hipótese, mas sabiam que não podiam afirmar sem ter mais precisão.
* Em outra turma, onde realizamos a atividade de cortar as pizzas, na semana seguinte, 2 alunos vieram me contar que continuaram a atividade em casa. Um disse "cheguei só a 50 pedaços!", tive que rir, "só 50, perguntei? 50 é bastante!", e ele respondeu "não, 50 é bem pouco!". O outro aluno me contou "cortei em 70 pedaços! E meu pai depois comprou uma pizza de verdade!"
* A mãe de uma de minhas alunos me procurou antes da aula e perguntou "você é a professora de matemática da minha filha?", respondi que sim e ela falou: "sempre chegamos um pouco atrasadas na escola, mas na sexta-feira (dia em que ela tem aula), tenho que chegar bem cedo, pois ela fica muito chateada se perder a aula de matemática!" - Foi engraçado ouvir isso sobre uma aula de matemática :)
*** Bom, infelizmente, sinto que em algumas turmas não cheguei ao objetivo da abordagem. Penso que 10 alunos realmente seja um número grande para determinadas turmas. Posso listar 5 turmas onde o trabalho não se desenvolveu da maneira esperada pois as crianças rapidamente se desconcentravam e não queriam participar. Me senti triste pois vi as outras turmas irem adiante, e muito felizes com as aulas do círculo, enquanto nessas turmas a aula não parecia despertar a atenção das crianças, ou quando despertava uma parte da sala a outra já estava distraída. É algo para se pensar, tive turmas com 10 alunos que foram maravilhosas, mas outras que acho que se dividisse em 2, o trabalho teria tido outra cara. Vi essa dificuldade, especialmente em escolas onde as crianças eram mais carentes. Só o fato de uma vir ao quadro, fazia com que todos quisessem vir, e 10 no quadro (que não é tão grande) não era possível, então as outras se dispersavam. Me parece que essas crianças precisam de muita atenção e fazem de tudo para ter essa atenção, mas quando todos lutam por isso ao mesmo tempo, o trabalho se torna difícil.
* Ah! Também queria falar sobre 2 turmas que atendo de 4ª série, todas as demais são do 2º ou 3º ano. No início, nessas turmas, onde tinha os alunos mais velhos, e ambas as turmas com 12-13 alunos, tive dificuldade para cativar esses alunos. Mas, as últimas 3 aulas, foram incríveis! Eles mudaram totalmente de postura, de alunos indiferentes a alunos participativos. Três alunos que eram extremamente agitados e agressivos, falaram nessas semana comigo: "Professora, ontem jogamos futebol, fizemos 5 gols e dedicamos eles a você!" Foi tão legal ouvir isso deles, ver o carinho e amizade que começamos a desenvolver. Muitos desses alunos da 4ª série se acham burros, acham que não sabem nada (parece que quanto mais velhos, menos crédito eles tem deles mesmos), por isso não querem participar, parece que desistiram de tentar, afinal, seus erros sempre fizeram com que fossem excluídos. Mas, ver essa mudança de postura, a participação deles nas últimas aulas... E vê-los brincar quando alguém errava, ou quando eles próprios erravam "mas somos muito burros mesmo!", mas agora era simplesmente uma brincadeira, eles riam e continuavam participando, é, não tem preço! - Obs: semana que vem, a professora deles vai viajar um dia e a direção da escola me procurou para que eu desse aula pra eles, acreditam? Aceitei e os alunos vibraram, algo que certamente não teria acontecido 2 meses atrás....
Acho que já escrevi demais! Vou, com certeza, sentir saudades desse alunos! Quer dizer, dos meus novos amigos :)
Abordagem do erro
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Aprendizagem
Boa tarde a todos!
Só queria compartilhar como o círculo da matemática está me ajudando com tudo, nessa semana eu percebi como eu também aprendo com as crianças, um dos intuitos do projeto é fazer com que as crianças participem mais e nessa semana além de ver algumas crianças participando muito mais, eu mesma nas minhas aulas fiquei mais participativa. Enfim o projeto além de ajudar as crianças têm me ajudado muito também em muitos aspectos e eu só tenho a agradecer esse maravilhoso projeto que tenho certeza que vai crescer muito mais e ajudar muitas pessoas!
Pontos Explosivos
Porém, o resultado foi totalmente o contrário. Os alunos adoraram a "brincadeira dos pontinhos". Todos queriam participar e até brigavam dizendo 'Égua tio, o senhor não me chamou mais pra ir fazer' quando não eram chamados logo ao quadro. (Só pra relembrar, a expressão ''Égua'' é utilizada muito no Pará com intenção de dar intensidade).
Victor Ribeiro
Belém/PA
Elefante branco.
A ideia desse post é ilustrar como uma estrutura física da sala as vezes pode atrapalhar o processo educativo ao criar um foco grande de distração. Em uma das escolas que trabalho existe no fundo das sala uma parede que teoricamente deveria ter um alguma função, em algumas turmas ela realmente é utilizada como armário, após a colocação de portas. Mas em várias outras salas, inclusive aquelas em que trabalhamos, essa paredes servem apenas como um "elefante branco", sem nenhuma função prática positiva. Já em termos negativos ela é um prato cheio, as crianças mais agitadas adoram se esconder atrás, se pendurar e etc. A foto abaixo (tirada no finalzinho de uma aula essa semana) ilustra perfeitamente o tipo de risco que as crianças podem se por ao "brincar" nessa parede. Esse tipo de estrutura dentro da sala de aula acaba fazendo com que muitas vezes eu passe mais tempo preocupado com a integridade das crianças durante a aula (pedindo para que eles não se pendure, querendo saber o que estão fazendo atrás da parede etc), do propriamente dando atenção para aqueles que já se envolveram com a atividade proposta. Ao final, essa estrutura acaba sendo um dos maiores obstáculos para uma aula mais produtiva.Obs: felizmente até hoje nenhuma criança se machucou durante suas peripécias no tal cantinho.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
A brincadeira da Forca.
Pri Sobreira :)
De tudo tirar proveito
Lembraram que sou baixinha e resolveram me zoar, porque tenho alunos maiores que eu. Daí então comecei a aula, perguntei a eles quanto eles achavam que tinha de altura e eles disseram "meio metro!" "não, não. 1 e meio, professora". Fui e escrevi no quadro "1 e meio", perguntei a eles como se escrevia em números. Prontamente foram ao quadro e escreveram "1,30 m" e depois "Altura da professora Priscilla". Então fui indagando a eles a existência de números entre números. Conversamos sobre dinheiro e seus centavos. No fim da aula foram ao quadro e escreveram "1,50 m", porque compararam com o dinheiro. "Tia, eu errei! O metro é que nem o real, precisa de 100 pra formar 1". Não deixei apagar a resposta anterior, porque como já conversei com eles há sempre uma ideia interessante por de trás do erro.
Enfim, meus últimos 45 minutos de aula foram excelentes!
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
"Descobrindo os mil e um pedaços da pizza"
Filmagem
Olá a todos!
Hoje vou comentar rapidamente sobre as filmagens, eles foram lindos! Claro que umas duas crianças ficaram agitadas por causa das câmeras mas as outras esqueceram da presença da Geórgia e das câmeras e simplesmente se interessaram na aula mesmo (eu fiz o labirinto e eles adoraram). Na verdade esse post foi só pra elogiar minha turminha de quarto ano, eles foram maravilhosos ao contrário de todas as expectativas (confesso que eu estava com medo de eles ficarem agitados com a presença de algo diferente na aula).
Abraços a todos!
Catarina
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Resultados positivos
Ela me disse que as atividades do Círculo da Matemática estão ajudando bastante e que eles melhoraram muito em Matemática. Me disse também que dia de terça, que é quando trabalho com as três turminhas que completam a turma dela, eles fazem a "terça da matemática". Fiquei muito feliz.
Ela também perguntou se eu trabalharia esse projeto no ano que vem, eu disse que não sabia, mas que se precisasse poderia contar comigo caso eu tivesse tempo. E disse ainda que espera e torce para que eu continue com eles no ano que vem!
Dificuldade
Um abraço a todos.
domingo, 24 de novembro de 2013
Inesquecível
O que fazer?
Retorno da situação.....
sei que estou em falta com vocês...mas hoje escrevo um epsódio que me surpreendeu....acho que vocês lembram da aluna que me xingou...certo... bem.. na semana seguinte do ocorrido... chamei ela pra minha turma....
Sentei com ela...ajudei na soma de Gauss....e adivinha....ela me abraçou me deu um beijo no rosto e agradeceu....nossa....fiquei super surpresa...mais ainda...fiquei imensamente feliz....
Agora...todos os dias que ela cruza comigo pelos corredores da escola ela vem...me abraça e me beija...é outra menina.....
A fiel escudeira dela (amiga inseparáve) fez esse desenho na semana passada...quase chorei...(mentira...chorei um pouquinho,rs)
O mais importante é que pelo menos nesse caso....o carinho venceu...essa batalha "venci"...a guerra tá dificil...porém não esta impossivel...
Até...bjs
Jana =)
Os Números Triangulares
Bruno Macedo Alves
sábado, 23 de novembro de 2013
A vitória com um inimigo incomum.
Ludmylla
Tudo o que eles precisam...Você sabe?
Durante a semana me deparei com uma situação que me deixou com a cabeça cheia de questionamentos. Afinal, qual é o nosso real papel dentro de sala de aula?? O que os alunos esperam de nós professores??
Um de meus alunos sempre apresentou um comportamento difícil de lhe dá, onde muitas as vezes o próprio se denominava ''o capeta''. Todas as vezes que falava pra ele sentar na cadeira, meu pedido tinha uma duração de alguns minutos (quando não, segundos). Por inexperiência não sabia como contornar a situação, pois apesar de ter formação na aérea (o que na prática e bastante diferente do que muitas vezes me fora fantasiado durante a graduação) estou tendo pela primeira vez a oportunidade de ministrar minhas próprias aulas.
Enfim, eu não sou de gritar, eu procuro conversar e usar o que aprendi no Círculo da Matemática, sobre elogiar a participação do aluno, sem da ênfase quando obtiver a resposta correta e uma das táticas que estou usando nas aulinhas é passar a situação-problema e fazer mini grupos para eles usarem suas ideias no quadro.
Ao final de uma aula(labirinto) da turminha do aluno citado acima, eu resolvi parabeniza-los por não desistirem (resolvi não falar a resposta e usar vários exemplos de labirintos até chegar ao que não tem solução), e para minha surpresa eles estranharam dizendo que nunca foram parabenizados... Sinceramente eu me calei pois em uma outra turma que eu falei sobre a importância da participação deles sem medo de errar pois estávamos ali para aprendermos juntos, alguns me disseram que se eles responderem errado em sala de aula iriam ouvir berros! Nesses casos eu fico entre a cruz e a espada e de mãos atadas, sem saber o que falar.
Voltando ao assunto do aluno citado no início desse post, eu tive uma grande surpresa: estava arrumando a sala após finalizar as aulinhas do dia, e ele me apareceu perguntando se eu estava com pressa pra ir embora. Respondi que não e perguntei porque, e ele me informou que tinha feito um poema mas que foi expulso da sala e ninguém leu. Perguntei se ele me deixaria ler e ele disse que eu não iria entender a letra dele... Afirmei que iria conseguir sim, era só deixar eu tentar, e ele me deu o poema pra ler. Ele escreveu sobre a nossa tradicional chuva da tarde de Belém do Pará e eu li em voz alta pra ele ver como eu realmente entendia, e depois disse como o texto estava bom (e realmente estava) e sabe o que ele me disse?? Tio eu sou inteligente quando eu quero!
Não vou finalizar que desde desse dia todos foram ''FELIZES PARA SEMPRE'' e o comportamento dele mudou da água pro vinho porque isso não aconteceu, mas digo sinceramente que senti pequenas mudanças por parte desse aluno, principalmente com a diminuição da palavra ''capeta'' que soava constante da boca dele. Afinal tudo o que muitos querem é apenas atenção... uns mais que os outros, sendo que devemos ponderar bastante essas situações. Não devemos exigir demais de nossos alunos pois capacidade todos eles tem só que eles à demonstram quando bem entendem ou quando se sentem a vontade.
Atenciosamente,
Carlos Alves
Atividade da panqueca - modificação
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Num mar de desilusão, uma gotinha de esperança
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Subornos e afeto
Números entre números...
Eu continuo fazendo um misto entre alunos dos círculos, iniciei as aulas de hoje falando sobre o antecessor e o sucessor. Um aluno dizia um numero e o resto tinha que dizer o que vinha antes e o que vinha depois. Assim foram vários exemplos, ate que eu perguntei . Mas, entre eles o que existe ? "Nada","o zero", "o numero tal..." ate que eu perguntei e os números com virgulas ? Parados, espantosos os alunos ficaram de boca aberta quando um aluno disse "27,1- 27,2 - 27,3...." pronto... e ai comecei minha aula. Eles adoraram essa historia dos numero entre números. Todos queriam participar falando e escrevendo não pude negar, todos foram a lousa e alguns pediram pra escrever, eu deixei e pedi que todos fizessem o mesmo, dai quando fossem terminando, cada um ia ate a lousa e fazia um exemplo. O que me chamou a atenção em algumas turmas é que elas tiveram mais facilidade em compreender a ideia quando falávamos em dinheiro e isso facilitou muito, tanto pra mim quanto pra eles. Pra quem tiver com dificuldades em começar o assunto, eu pelo menos comecei assim : " Fulaninho, tu tem 1 real, se tua mãe te dá mais 10 centavos tu fica com quanto ? E se agora ela te dá mais 5 centavos ?..." Pra mim, essa foi a melhor solução para que eles entendessem essa ideia de números entre os números.
Ate a próxima.
Aos 45 do segundo tempo.
Trabalho em uma escola que, me atrevo a dizer, provavelmente é uma das mais complicadas do Círculo. Essa escola, inclusive já foi objeto de postagens recentes de outros colegas no blog. Na última semana, véspera do feriado, minha primeira aula estava indo bem até que foi interrompida por uma professora, pois no meio do meu horário com a turma havia sido agendado uma outra atividade complementar e tinham esquecido de nos avisar. Foi triste e frustrante, pois a aula caminhava bem. Já com a turma seguinte, a intenção era introduzir o 'Relógio' e como gancho tentei usar a ideia de contarmos quanto tempo tinha em uma música que um dos meninos estava cantando. Em um primeiro momento alguns até me deram atenção ao responderem quantos minutos achavam que a música tinha. O resto do tempo quase todo passei tentando fazê-los pararem com a correria e gritaria para que conseguisse um mínimo de atenção. Quando alguns paravam, a bagunça dos outros era tal que não conseguia falar com os que estavam quietos. Por alguns segundos me coloquei no lugar do professor, que diferentemente de mim, fica com eles por 4 ou 5 horas por dia, 5 dias da semana. E entendo como alguns simplesmente surtam, se tornam os "ditadores" ou ao chegam ponto de total passividade. Tive, então, que pensar em uma estratégia, acabei apelando para o emocional deles. Sentei e fiz uma cara de chateado (no fundo, realmente estava frustado com a situação)e quando me perguntavam se eu não queria mais passar nada eu dizia que eles pareciam não estar gostando da minha aula, pois não colaboravam.
Propus, então, um votação se eles queriam ou não que eu desse as aulas pra eles. Passei uma folha e falei que podiam votar sem colocar seus nomes. Depois de um processo demorado, já que eles não se acalmaram muito, todos votaram a favor de eu continuar a aula. A partir daí perguntei o que eles gostariam que uma aula tivesse para que fosse legal, fizemos uma lista e dentre as opções citadas apareceu, inclusive, "fazer continha".
Após a listagem, disse pra eles que poderíamos tentar incluir os itens que eles disseram, mas que para isso seria necessária a colaboração de todos e precisaríamos fazer alguns acordos sobre a relação na sala de aula, anotei no quadro, itens tais como: sem gritos, ouvir quando o colega falar, chamar todos pelo nome (já que eles tem o mal costume e dar apelidos pejorativos uns nos outros), não fazer bagunça (destacando que isso não significa que não podemos brincar e nos divertir, ou seja bagunça e brincadeira são coisas diferentes). Todos concordaram em manter o acordo, agora é ver como será essa semana.
Na última turma do dia, que é composta apenas por meninas, tava um pouco complicado a concorrência com as conversas paralelas, mas a aula foi aos trancos e barracos caminhando, fizemos a reta com uma personagem do desenho 'Monster High', todas elas riram do meu desenho, mas consegui manter minimamente a atenção delas. Mas algumas apresentavam dificuldades em realmente saber a ordem de grandeza dos números, e em alguns casos, até o ordenamento deles. Não consegui fazer os saltos, então, fui tentando ver se elas conseguiam completar a reta com os números que faltavam,enquanto uma delas conseguiu listar vários outras ainda estavam confusas sobre o que realmente estávamos fazendo.
E quando vi que meu tempo estava por terminar lancei uma pergunta para todas me responderem: "Será que a distância (ou tamanho da renta, não me recordo exatamente o termo) entre o 90 e o 100 é a mesma que entre o 20 e 30?". A resposta rápida e geral foi "não por que 90 e 100 são bem maiores". Repliquei perguntando "Será? Quanto números tem entre cada intervalo (não foi exatamente essa palavra)?". Meu tempo estava realmente no fim, e pedi pra que pensassem e me respondessem na próxima aula, nesse momento, algumas já se dispersaram arrumando seu material e enquanto isso vi uma delas contando nos dedos com uma cara espantada e me disse: "fessor, é a mesma coisa, por que tem 10 números entre o 20 e 30 e 10 números entre o 90 e 100".
Alguns instantes depois, o sinal tocou como se fosse o apito do juiz decretando o fim do jogo. Fui embora com a sensação de que tinha feito aquele gol que aos 45 do segundo tempo garante ao menos o empate e evita voltar pra casa com o gosto amargo de um dia que tinha tudo para ser mais uma 'derrota'.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Ser Professor
Sobre a imaginação das crianças
Após explicar o labirinto aos alunos do 4º ano, eles inventaram sua história para que o labirinto funcionasse. Eis a história: Farinha Verde, este belo tamanduá bandeira da foto abaixo (desenho pelo aluno tido como "problema" da escola), tem um objetivo: comer todas as formigas contidas uma em cada quadradinho. E aí, encaixaram as regras do labirinto que já conhecemos: passar apenas uma vez por cada quadrado e não pode movimentar-se na diagonal.
Sempre fico maravilhada de ver como eles conseguem sempre imaginar formas diferentes sobre um mesmo tema. Quanto professores, temos muito o que aprender com essa imaginação deles para que sempre possamos renovar nossa aula!
A cada passo um desafio...
A cada desafio uma vitória,
A cada vitória um novo passo rumo ao sucesso.
Por que?
Gênio da Matemática
Ela me parou e falou: "Olha, Manoela, os alunos adoraram a tua aula de ontem!". Aí eu disse que eles participaram bastante mesmo ontem e que eu percebí que eles gostaram. Aí ela ainda acrescentou que um deles falou pra ela que agora já sabe tudo de Matemática, que agora ele é um gênio da Matemática.
Fiquei muito feliz ao ouvir isso.
Manoela Franco.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Um caso diferente
Hoje eu ia mostrar algumas fotos de turmas falando um pouco delas mas como acabei perdendo meu celular consequentemente perdi as fotos então hoje vou falar um pouco de algo que me surpreendeu.
Na semana passada entrei com uma turma de terceiro ano, os alunos estavam "a todo vapor", pulando, falando, fazendo de tudo e uma garota se destacava na bagunça, quase nada que eu tentava surgia algum efeito para ela, e só foi piorando a nossa situação, em um momento na sala de aula ela começou a me desrespeitar com algumas ofensas e eu acabei tomando medidas mais drásticas conversando com a orientadora. Hoje ao iniciar a semana eu já sabia que ela estaria na turma de terceiro ano do dia e fiquei me questionando o que fazer com aquela turma porque além de a atividade da bailarina não obter tanto sucesso fazendo as crianças ficassem entediadas, a garotinha estaria entre elas pronta pra bagunçar de todo o modo a aula. E foi exatamente isso que eu encarei quando eles entraram, a garota chegou falando que preferia assistir a aula dela normal (raro entre os alunos) e que se ela continuasse na sala ela bagunçaria de todas as formas. Foi então que eu resolvi mudar de tática e juro que não foi fácil porque a garota tentava pegar os livros (a sala de aula que eu ensino eles é a biblioteca e sala de apoio pedagógico), arrastava a cadeira e tentava fazer com todas as formas que eu me estressasse com ela. Resolvi ignorar, atento mais a turma (hoje fiz os pontos explosivos e eles amaram). No final da aula ela já prestou atenção e em certo momento até deu as respostas corretas (além da participação com os números). Fico muito feliz que a situação tenha se resolvido porque ela realmente foi uma das alunas que criou mais problema e resolvi compartilhar porque sei que deve ter muita gente aqui com esse problemas e como eu meio inexperiente no quesito das aulas então imagino que seja de alguma ajuda.
Abraços,
Catarina Pinheiro
O Enigma do Labirinto
"É pra isso que o círculo da matemática serve tio?"
Participação Intensiva.
Foi comemorado na escola o dia do diretor e eu fiquei muito feliz por ter sido convidada para participar da confraternização. Já sinto que faço parte da equipe de professores e isso é muito gratificante.
A bailarina foi muito bem recebida. Ela pode dar muitos saltos e piruetas, porque a imaginação das crianças vão bem além do que a gente espera. E a história dos números antes do zero? É super legal as respostas que eles dão. "Tia antes do zero só existe 00000000000,00000..hehe, enfim eles estão participando intensamente e eu estou bem satisfeita.
Beijos!
domingo, 17 de novembro de 2013
O dia em que os pontos explosivos não "bombaram"
O Lego e a multiplicação
O pontinho de 10.000
sábado, 16 de novembro de 2013
"Fazendo Matemática" sem saber !
E quando saímos do "padrão"....
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
"Primeiras" experiências
Iniciei efetivamente essa semana com as turmas, já tive 2 aulas com quase todas. Uma das aulas que me chamou atenção é essa da foto. São alunos no 5º ano, começamos a conversar sobre números favoritos, e logo foram surgindo números grandes. Assim que escrevi seus números na lousa, despertei o interesse deles. E quando escrevi "unidade" já foram me dizendo pra escrever dezenas e centenas. Questionei que haviam só esses, eles disseram que até onde sabiam sim.
Fomos posicionando os números nas suas respectivas casas e tudo corria muito bem, até que um aluno pediu pra ir ao quadro escrever um número pros outros adivinharem, como consegui registrar. Ele colocou 2 bolinhas na casa das centenas, 1 na das dezenas e 3 na das unidade. Perguntei então se todos haviam entendido que número era aquele e sugeri que colocassem suas respostas no quadro (como na foto). Eles estavam falando "Tia, é 200, 10 e 3", pedi para eles registrares que número era essa e aí estão os registros muito interessantes.
Podemos ver que ainda crianças de 5º ano tem certa dificuldade em identificar/registrar números dessa forma. Indaguei a todos da turma e todos foram debatendo a resposta, que parecia ser muito simples. Então retornei aos que já havíamos feito até que todos berraram "ahhhh, é 213". Isso ocorreu também quando registrei o número 460, primeiro eles disseram 46, pois não havia registro na casa das unidades, depois riscaram o que haviam dito e disseram 460.
Já era professora de Matemática, mas o Círculo está me proporcionando uma nova visão dos meus alunos. Poder utilizar o raciocínio que está por trás dos "erros" dos alunos, de forma paciente, para conduzi-los à forma matemática usual criada por eles mesmos!
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Trabalhando números entre números
Comecei perguntando se havia um número entre 0 e 1 fazendo uma reta no quadro com cada um dos números em cada ponta. Depois para dar a intuição de que há números entre aqueles números fiz uma segunda reta, desta vez com os meses do ano e a data de aniversário de um dos alunos:
"Então, se o aniversário do Marcos foi em dezembro de 2012, aqui em junho de 2013 ele estaria ainda com 8 anos ou 8 anos e meio?"
Para ilustrar, chamava o aluno em questão para se desenhar na reta no ponto no qual ele achava correto: exatamente no meio da reta, que intuitivamente marcávamos com o 0,5.
A partir das respostas fomos trabalhando as proporções entre o ano e os valores na reta 0 - 1. Quando se passavam 3 meses do aniversário, o menino desenhado movimentava-se na reta do zero ao 0,25; mais 3 meses até o 0,5; nos 3 seguintes até o 0,75, e assim por diante, sempre surpresos que na verdade 0,25 < 0,50, e que ao somar todas as passagens do 0,25 conseguíamos 1. Em seguida trabalhamos as proporções entre esses números racionais e os inteiros de 0 a 100.
Foi muito gratificante e muito estimulante para as crianças.
PS.: quando os alunos perceberam que eu tirava uma foto do quadro eles foram todos para a frente e não consegui um enquadramento dele completo, mas acho que já valeu.
Dinheiro sempre nos salva... ou quase sempre
Comprando "fiado" e os números negativos
Muito bem, depois do "tem algum número antes do zero?" ser respondido com "não". E depois de perguntar sobre lugares que vendem coisas sem que você precise de dinheiro na hora, tento a pergunta "Será que dá pra ter menos dinheiro que nada?", e uma criança familiarizada com essa coisa do "fiado"entende muito bem a idéia de ter 5 reais na mão e eles não servirem pra nada, porque esses 5 reais são pra pagar coisas que ela já comeu, mesmo assim essa pergunta costuma dividir a sala e a gente ganha pano pra discussão.
Pra solucionar um pouco essa discussão uso uma pergunta direcinadora "Tá bom, o que será que é melhor? Não ter dinheiro nenhum ou não ter dinheiro nenhum e estar devendo pra tia do geladinho?". Nesse ponto eu até consigo umas respostas criativas, como a ideia de ir ao banco pegar mais dinheiro porque você está sem (elas tem observações muito boas), mas no geral eu consigo que elas entendam que dever dinheiro é pior que ter dinheiro nenhum e que então dá pra ter menos dinheiro que nada... Aí eu faço uma tabelinha pra fazer contas, e dou um jeito de aparecer o mesmo número no final, assim
2 6 4 (devendo)
Aí a gente discute sobre o quão diferentes são esses dois quatros e como se a gente for usar isso muito vai dar preguiça de escrever "devendo"na frente do número... Então seria bom arrumar outro jeito de escrever...
Com as minhas turmas esse jeito funcionou muito bem, depois inclusive retomei a idéia da bailarina pra colocar os números negativos na linha.
Adicinalmente descobri que meus alunos de primeiro ano não estão preparados pra brincar com o labirinto ):
Mas as notícias são positivas essa semana.