As crianças gostam muito de
mostrar que sabem falar os números e quanto mais nomes elas citam em sequência
mais empolgadas ficam. Mas será que isso reflete que elas têm uma noção clara
de ordenamento ou de quantidade? Não necessariamente. É esse tipo de noção que
normamente eu tentei captar se elas tinham logo no primeiro contato, em especial,
se sabiam identificar de forma rápida quais eram maiores e menores.
Para tal, logo na apresentação de
cada um, além do nome, perguntei também a idade e anotei no quadro. Após todos
falarem, pedi que cada um desse um ‘chute’ qual seria a minha idade, novamente
anotando no quadro. A partir de então
fui dando dicas, baseadas nos valores das tentativas sobre onde estaria a minha
idade, por exemplo, eliminando alternativas extremas e estabelecendo um intervalo
mediano, e pedia que arriscassem novos números se achassem necessário. Assim a
ideia era ver se eles conseguiam manter uma coerência nas próximas tentativas a
partir das minhas ‘dicas’.
Um desdobramento possível, que
cheguei a fazer a com algumas turmas, foi de perguntar se eles achavam que a
idade de todos eles juntos daria um número maior ou menor do que a minha. E, apesar
de em geral ser maior, a primeira intuição deles é achar que dá menos, pois sou
“professor adulto” e eles “alunos crianças” logo eles juntos não podem “ser
mais velhos”.
Outro ponto interessante é que,
ao mesmo tempo em que nos conhecemos e eu consigo captar um pouco sobre a noção
de matemática que eles tem, a dinâmica vai introduzindo o costume deles darem
palpites a vontade, sem que se sintam constrangidos em errar. No caso se algum
deles ter citado o número correto, só no final, após repetir algumas vezes o
raciocínio, que acabamos chegando (juntos) a conclusão que era realmente aquele
valor, tentando atribuir o mérito ao raciocínio coletivo.
Exemplo:
Eu tenho 25 e os palpites são:
100, 32, 75, 22, 32, 18, 20, 27.
Digo que não tenho 100. E que minha
idade está entre 20 e 32. E pergunto dentre os que sobram quais dos que
sobraram não podem ser minha idade. Depois de eles concluírem que não posso ter
18 e nem 75, sigo dizendo coisas, como por exemplo, ‘nem dos números falados é
a minha idade’, e peço novos chutes para ver se eles chutam no intervalo
correto. E segue com comentários e raciocínios do tipo, até que consigamos
concluir que eu tenho 25.
Nossa que legal Raphael! Achei super interessante!
ResponderExcluirMuito legal, Raphael. Vou usar isso nas minhas aulas.
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