Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Saber números é saber contar?

As crianças gostam muito de mostrar que sabem falar os números e quanto mais nomes elas citam em sequência mais empolgadas ficam. Mas será que isso reflete que elas têm uma noção clara de ordenamento ou de quantidade? Não necessariamente. É esse tipo de noção que normamente eu tentei captar se elas tinham logo no primeiro contato, em especial, se sabiam identificar de forma rápida quais eram maiores e menores.
Para tal, logo na apresentação de cada um, além do nome, perguntei também a idade e anotei no quadro. Após todos falarem, pedi que cada um desse um ‘chute’ qual seria a minha idade, novamente anotando no quadro.  A partir de então fui dando dicas, baseadas nos valores das tentativas sobre onde estaria a minha idade, por exemplo, eliminando alternativas extremas e estabelecendo um intervalo mediano, e pedia que arriscassem novos números se achassem necessário. Assim a ideia era ver se eles conseguiam manter uma coerência nas próximas tentativas a partir das minhas ‘dicas’.
Um desdobramento possível, que cheguei a fazer a com algumas turmas, foi de perguntar se eles achavam que a idade de todos eles juntos daria um número maior ou menor do que a minha. E, apesar de em geral ser maior, a primeira intuição deles é achar que dá menos, pois sou “professor adulto” e eles “alunos crianças” logo eles juntos não podem “ser mais velhos”.
Outro ponto interessante é que, ao mesmo tempo em que nos conhecemos e eu consigo captar um pouco sobre a noção de matemática que eles tem, a dinâmica vai introduzindo o costume deles darem palpites a vontade, sem que se sintam constrangidos em errar. No caso se algum deles ter citado o número correto, só no final, após repetir algumas vezes o raciocínio, que acabamos chegando (juntos) a conclusão que era realmente aquele valor, tentando atribuir o mérito ao raciocínio coletivo.

Exemplo:
Eu tenho 25 e os palpites são: 100, 32, 75, 22, 32, 18, 20, 27.

Digo que não tenho 100. E que minha idade está entre 20 e 32. E pergunto dentre os que sobram quais dos que sobraram não podem ser minha idade. Depois de eles concluírem que não posso ter 18 e nem 75, sigo dizendo coisas, como por exemplo, ‘nem dos números falados é a minha idade’, e peço novos chutes para ver se eles chutam no intervalo correto. E segue com comentários e raciocínios do tipo, até que consigamos concluir que eu tenho 25.

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