Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Num mar de desilusão, uma gotinha de esperança



Eu tive um dia feliz na escola que é um terror. Bem, na verdade não foi um dia inteiro, mas a minha felicidade foi tanta que valeu por um. Isto porque, das três turmas que tive, consegui dar aula para uma. Parece trágico, eu sei. Mas quando se trata de uma escola como aquela, conseguir a atenção de um aluno que seja já é uma grande vitória. Ajudá-lo a construir algum conhecimento é quase como ganhar a guerra. Por mais triste que seja, o sentimento que tenho quando saio de casa para ir para aquela escola é próximo do conformismo. A única coisa que eu espero é que ninguém se machuque até o final do dia. É claro que ainda me esforço mais lá do que em qualquer outro lugar, apesar de nenhum esforço parecer suficiente. É muito frustrante. Nesta turma em particular, a última aula que eu dei havia sido um desastre. Um dos alunos brigava com todos os outros, os ameaçando com os punhos fechados, perto de seus rostos. Enquanto isso, as outras crianças corriam e gritavam pela sala, batiam uns nos outros. Um horror. Esta semana, porém, os alunos, além de se comportarem, prestaram atenção e participaram durante toda a aula. Foi incrível! O menino que brigava com os outros agora chamava os amiguinhos para a brincadeira. Fiz com eles a forca com a reta dos números, ideia do Raphael daqui de Porto Alegre, e cheguei a ouvir um aluno dizer para o outro “isso é matemática? É muito legal!”. Chegamos juntos aos números negativos e fizemos a bailarina, que se chamava Pedro (sim, eles inventaram uma bailarina, de tutu e tudo, cujo nome era Pedro) andar na reta para frente e para trás, conforme eles erravam ou acertavam as letras que compunham a palavra que estavam tentando descobrir. Voltei para casa nesse dia um pouco menos desiludida que nos outros, pensando que talvez ainda haja alguma esperança, ainda muito pequena, do Círculo da Matemática fazer alguma diferença na vida daquelas crianças.

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