Antes de falar sobre as minhas aulas, reservo algumas linhas para falar sobre outra situação que me ocorreu na semana. A Semana Universitária tomou conta de mim e eu devia ministrar oficinas de variados temas. É impressionante como o Círculo fez uma mudança nas minhas atitudes. Os alunos que recebi eram do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. Antigamente situações como essa me deixavam muito nervosa, mas dessa vez foi diferente. Eu estava mais confiante. Outro fato que eu percebi foi que não me contentava em somente dar o conteúdo e mandar eles construírem, eu sentia o desejo de fazer com que eles participassem e me dissessem o que sabiam do assunto, mesmo que estivessem errados. Mais do que mudar as crianças, o Círculo tem o papel de mudar o professor também.
Bom, voltando às aulas. Essa semana foi desafiadora. O dia que mais marcou foi a segunda-feira. Essas turmas tinham ficado 3 semanas sem aula em decorrência do dia do professor, do II Workshop e do dia do servidor público, ou seja, eles perderam muito. A primeira turma era a turma com o meu aluno "Rebeca". Como eu sabia que ele dominaria a turma, o coloquei para ser meu ajudante e lhe dei um giz. Ele disse que o irmão dele que estava no 4º ano disse que 9+9 era 81. Claro, o irmão é mais velho, ele tomou como sendo verdade. E eu perguntei aos outros se era isso mesmo e todos discordaram. Então fomos conferir. Desenhei o bonequinho na forca, porque eles sempre me pedem forcam e eles completaram as 9 pernas em duas forcas. Contamos então e deu 18. Daí fomos ver com mais pernas e mais forcas até chegar em 9 forcas com 9 pernas. Uma menina disse que pra somar tudo tinha que somar 27 três vezes e fizemos isso com pontos explosivos. No final, o meu aluno "Rebeca" disse: "meu irmão errou porque ele confundiu mais com vezes". No final da aula quando pedi que eles se retirassem, eles disseram: "Mas já? Não, pode pegar o giz e continuar a aula".
O restante das turmas desse dia foi mais difícil o andamento. Coloquei o Mário para subir e descer a escada. Foi um pouco difícil lembrar os números negativos, mas conseguimos. Em uma das turmas usar o Mário não deu certo e então eu coloquei a bailarina mesmo. À tarde larguei o Mário e usei só a bailarina nas minhas turmas de 2º ano. Na segunda metade da tarde tinha duas turminhas de 3º ano. Na primeira turma eles pediram divisão e então fizemos a divisão usando a bailarina. Pedi um número e eles escolheram 13. Então dividimos o 13 e sempre sobrava resto. Então soltei o desafio de achar um número que dividia 13 sem deixar resto. Eles acharam o um, mas não conseguiram acho outro. Espero continuar com a ideia amanhã. Na segunda turma foi um caos. Eles não colaboraram em nada, nada do que eu tentei funcionou. Parei tudo e conversei com eles. Disse que não dava para continuar desse jeito, que o comportamento deles não deixava com que a gente chegasse a algum lugar e que eu não queria ver eles assim na próxima aula. Liberei todos para voltar à sala e fui conversar com a professora deles. Ela prometeu que ia conversar com eles também; espero que funcione.
O restante dos dias foi mais tranquilo. Retornei à bailarina em algumas turmas. Em outras eu usei umas das ideias que li de uma das colegas, que eu não lembro o nome(desculpem-me por não lembrar): desenhei várias bolinhas no quadro, pedi que eles contassem e perguntei de que outra forma além de contar de uma em uma eles poderiam contar. As respostas foram variadas. Na maioria das turmas a ideia foi de contar as fileiras e quantas bolinhas tinha em cada, depois somar tudo. Em outras pediram para fazer grupos de 10. Tiveram também as turmas que não conseguiram contar as bolinhas. Ah e por incrível que pareça, a minha turma que tem um menino que sofre bullying e onde também é difícil a concentração participou muito! Todos foram ao quadro, todos colaboraram, eu fiquei muito feliz, pois não é usual. Infelizmente, porém, ainda há crianças que não se dão bem, nessa semana eles tentaram se chutar, duas meninas brigaram de não se olharem, tentei contornar a situação mudando as crianças de lugar, mas não funcionou como esperado.
Espero que nessa semana tenhamos mais progressos. Vou tentar usar na minha turma que fez bagunça o recurso de lápis e papel, como alguns fazem com as turmas de 1º ano. Tomara que dê certo.
Até mais!
Jessica de Abreu Barbosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário