Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Persistência



Olá, pessoal!
Bom, como é meu primeiro post no blog (lamento e peço desculpas), perdoem meu amadorismo. Devo dizer que estou muito grata às experiências obtidas até agora através do Círculo e que a cada dia não só ajudo as crianças a descobrirem novas coisas, como elas também, sem saberem, me ajudam a crescer e redescobrir o mundo delas e isso é incrível.
Gostaria de contar um pouco algo que me chamou bastante atenção semana passada, e que pude sair de sala extremamente feliz pelo ocorrido ali. Há tempos eu já vinha “batalhando” em uma turminha, na qual, uma aluna em especial desde o início das atividades do círculo na escola, vinha resistindo à metodologia, sempre dispersa, e até mesmo incitando os outros coleguinhas para  que não participassem das atividades, já que “não valia nada, nenhum pontinho”, como ela mesma costumava dizer. Nem o nosso coringa,o labirinto, a conquistou. Mas o contrário mostrou-se presente na nossa última aula, em que eu entrei em sala e comecei a conversar com eles sobre vídeo games, televisores, máquinas em geral, para então introduzir a atividade da Máquina de funções. Expliquei que teríamos que inventar uma máquina especial, que não lavava, não passava, não transmitia desenho animado, mas que era muito especial porque processava funções matemáticas, todas que nós quiséssemos, e que eles teriam que criar o formato, os botões, o desenho como um todo. Logo todos saltaram das carteiras querendo ir ao quadro e foi neste momento que a aluna que citei no início do texto, me indagou:
-“ Tia, a senhora deixa eu fazer? Mas tem que ser do jeito que eu quiser.”
Como numa explosão de maturidade naquele momento, as outras crianças perplexas, assim como eu, cederam espontaneamente suas “oportunidades” de criarem um pedacinho da máquina para que a aluna a fizesse. Logo após ela ter desenhado, eu expliquei como funcionaria a atividade, sobre os números de entrada e saída e sobre o segredo (que inicialmente seria uma multiplicação por 2). Pedi para que as crianças sugerissem números e se gostariam na entrada ou na saída, e a aluna disse pra mim “Ah, tia, pede pra outro que eu não sei, não adianta. O desenho eu já fiz!”. No mesmo momento eu disse que ela ia me ajudar, porque eu também não sabia e estava pedindo a ajuda deles pra todos nós descobrirmos juntos, e logo uma das outras crianças foi ao quadro  tentar fazer e descobriu rapidamente o segredo, mas o que me deixou feliz, não foi o fato desta outra criança ter descoberto rapidamente, e sim, a atitude seguinte quando ela chamou a aluna dizendo, “Vem cá, olha como a gente tem que fazer, faz aqui comigo”. Foi difícil conter o orgulho, confesso. Assim a aula prosseguiu e a aluna foi participando, e como se eu já não estivesse satisfeita o suficiente, ela me prometeu trazer na próxima aula uma outra máquina no caderno pra eu tentar adivinhar o segredo.
Se vocês me perguntassem o porquê da mudança de comportamento da aluna naquela aula eu realmente não saberia dizer, mas, me arrisco a dizer que foi justamente a “insistência” naquela criança. Em não desistir dela, em não mandá-la de volta para a sala mesmo quando ela tentava dispersar as outras crianças, em não se colocar na posição de quem sabe tudo e eles não sabem nada, em persistir encorajando-os, fazendo-os acreditar que eles são capazes, sim!. De fato, não sei o real motivo, mas fiquei com uma sensação muito boa de dever cumprido.

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