Ao longo desta semana, dando aulas para o círculo da matemática, percebi que quanto mais a criança se permite imaginar, mas fácil vem a ideia dos números negativos, que a possibilidade da existência de números negativos vem mais facilmente em turmas cuja média de idade é mais baixa em comparação à turmas cuja média de idade é mais alta.Isso porque, imaginar que existe um número menor do que zero é quase inconcebível para colaboradores do círculo que estão no quarto ano. Porém, a ideia surgiu mais naturalmente com alunos do segundo ano. Mesmo difícil, a introdução da ideia de existência de números menor que zero ainda é um dos meus assuntos preferidos (Junto à "qual o maior número de todos?" Mas isso fica pra outra história).
Estamos em um país tropical e falar em temperaturas negativas não tem ajudado muito."- O polo norte é muito frio e tem vários animais legais, e o mais legal de tudo é que lá tem neve! Aqui também tem, mas a neve vem em forma de pedra de gelo.". O granizo apareceu ao longo da semana pela região de Porto Alegre e a memória disso ainda é muito fresca. Porém, pergunte aos pequenos colaboradores do círculo da matemática sobre a temperatura que faz no Polo Norte e a resposta, geralmente, é "- Zero grau". A conversa não desenvolve muito para além disso quando o assunto é a temperatura.
Mudança de assunto, então: "- Quem compra pão em casa?". Várias mãozinhas se levantam. "- E se você vai à padaria e falta dinheiro para completar o preço total do pão?". Uma menina esperta levanta a mão e diz em tom de brincadeira: "- Eu saio correndo com o pão, professora.". Todos riem muito, "- É mentira, professora, eu não faço isso não.", completa logo. A ideia de dívida surge, porém, os números negativos não. Se eu estou devendo eu tenho zero reais, e se eu não estou devendo e gastei todo meu dinheiro também tenho zero reais. A ideia de que pode existir um número que se chama um menos surge, porém, ele está definitivamente antes do zero. Fazemos uma escadinha para ordenar. Todos concordam que ele está abaixo do zero. Porém, transferir o número "um menos" da escada para a reta não pareceu natural. "Não rolou" diriam algumas professoras do círculo, incluindo eu. É, esses números "um menos", "dois menos", "três menos", ainda não rolaram.
É engraçado pensar que essa mesma turma já tem ideia que não existe o maior número de todos, porém, o menor número de todos ainda é o zero. Aguardo, ansiosamente, a consolidação de que números negativos estão ali, depois do zero, e vieram para ficar.
Ótimo texto.
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