Daqui a alguns dias explicarei melhor para todos os professores das escolas onde estou trabalhando como funciona o Círculo da Matemática. Bem no início, na fase de contato com as escolas, ao falar do projeto com as diretoras, alguns professores ainda tinham muitas dúvidas e pediram para que eu fizesse uma aula onde eles seriam meus alunos. Achei a ideia ótima, mas adiei. Depois do II Workshop me senti encorajada a levar essa ideia adiante e marquei um dia para esse contato mais profundo.
Tudo certo, mas eu acabei me deparando com um pensamento que vem me seguindo desde o I Workshop, com o Bob e a Ellen Kaplan: qual era o impacto do Círculo na vida das crianças e como explicar esse impacto para outras pessoas? Parecia fácil de responder, depois de dois encontros, muita discussão e diversos pontos de vista, mas só hoje eu percebi, através de uma situação bem simples, na verdade.
Em uma das aulas do treinamento com os Kaplan, o assunto foi: "Existem diferentes tamanhos de infinito?". Eu nunca havia parado para pensar nisso e essa ideia foi construída com todos aos poucos, seguindo a metodologia. Eu achei muito legal e no final parecia algo óbvio, "sim, claro que existem diferentes tamanhos de infinito!". Chegando em Brasília, em uma das aulas de Álgebra um dos meus colegas disse no meio da aula: "Não tem como falar em um conjunto infinito ser maior do que outro conjunto infinito porque não tem como falar em tamanho de infinito, isso não é uma coisa que possa ser medida!". Eu deixei passar porque o professor quis continuar a aula dele, mas no meu interior eu pensava: "Como assim? Claro que tem, eu vi que tem!".
Depois desse dia parei de pensar um pouco no problema do infinito, embora ele viesse à minha mente às vezes. Até hoje. Eu participo de um projeto de extensão na Universidade de Brasília chamado "Integração Universidade Escola no Laboratório de Ensino de Matemática" e nós estamos nos preparando para ministrar oficinas na Semana Universitária. Cada integrante deveria realizar uma pesquisa e montar uma oficina. O tema destinado a mim foi Geometria Fractal. Fiquei um pouco preocupada com essa notícia, pois não é um assunto trivial e fácil de ser adaptado. Hoje, então, comecei a ler o livro que a minha orientadora indicou. Adivinhem qual era um dos assuntos do primeiro capítulo? Exatamente, diferentes tamanhos de infinito! O Bob e a Ellen partiram da teoria dos conjuntos de George Cantor e fizeram com que chegássemos às mesmas constatações que o matemático chegou no século 19, sem precisar explicar o que era conjunto denumerável e conjunto não denumerável!
Isso me deixou deslumbrada, o meu preconceito com a Geometria Fractal diminuiu consideravelmente e eu percebi o verdadeiro porquê de eu gostar de matemática. Porque eu sempre vou ter algo para descobrir e me fascinar . É isso que buscamos nas crianças. Que elas se sintam fascinadas por perceberem que também elas podem descobrir a matemática. Com isso dá para entender a razão de não fazer nada com pressa; não estamos em um reforço. Talvez o impacto não seja sentido de imediato, o que aconteceu comigo pode acontecer com as crianças. Em um belo dia elas se lembram do que fizeram, do que desvendaram e se maravilham com isso!
"E se as crianças gostassem de matemática?"
Jessica de Abreu Barbosa
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabens Jessica! continue se descobrindo e deixando a matemática te fascinar!
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