Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mais do que matemática.

Olá pessoal.

Esta é a minha primeira postagem, e pretendo contar um pouco da minha experiencia dos primeiros dias de aula. Estava um pouco apreensiva mas ao mesmo tempo excitada para conhecer meus alunos, e aplicar tudo o que havia aprendido durante o Workshop em São Paulo junto ao conhecimento acumulado de uma vida.

Fui bem recebida tanto pela coordenação das escolas que já conheciam o circulo quanto pelas outras que sabiam de sua proposta através de outras escolas. E foi gratificante saber que as escolas estavam sedentas por professores e pelo projeto, assim logo consegui encher meu horários, e ao mesmo tempo foi desafiador pois sabiam que esperavam um padrão de aula elevado como o dos meus colegas.

Nos primeiros dias de aula fiz a atividade da pirâmide, que realmente todos adoram. Ao invés de símbolos eles prefeririam fazer números, já que era aula de matemática.


Quando cheguei na turma havia um aluno em especial, que os professores já haviam me avisado que dava trabalho, era indisciplinado e batia em todos os alunos. Conversei com a classe e todos apontaram ele como um dos piores alunos da escola e que daria muito trabalho.

Perguntei porque ele gostava de bater nas pessoas, já que apanhar era ruim, e o mesmo me argumentou que nunca apanhava, de ninguém. Então perguntei: Nem dos seus pais? E na mesma hora ele me rebateu que nem conhecia o pai, e a mãe era ausente, trabalhava muito. Então mudei de assunto e falei que iria começar a atividade. Ao propor a atividade e dividir as duplas ninguém queria ir com ele, ele ficou excluído. Então perguntei se estava tudo Ok e os alunos responderam o Daniel ficou sem ninguém. Então argumentei: Ótimo! você sera minha dupla então, pois também estou sobrando... Com um sorriso no rosto. Logo toda a turma se indignou, por ele ser o pior aluno e poder ser a dupla da professora, e ele se assustou me questionando o porque eu queria ir jogar com ele.. Então acalmei a todos e falei pra começarmos o jogo se não mudaria as duplas e alguém teria que ir com ele.

Ao começar a atividade todos estavam em pé, me aproximei dele e o abracei, coloquei um dos meus braços em seu ombro e falei: Ahh você que sera minha dupla, né?  E fiquei passando a mão no cabelo dele e conversando. E falei para ele prestar atenção nos outros porque seriamos os próximos, e eu iria "acabar" com ele se ele não fosse mais esperto.

Na mesma hora foi nítida a sua reação, de quem não sabia o que fazer diante de um abraço, de um afago, ele ficou sem graça, sem jeito e ao mesmo tempo me abraçou de volta e sorriu. Quando fomos ao quadro ele era outra pessoa, mais aberto mais calmo, sem empurrar os outros alunos. Então os outros alunos questionavam o porque ele estava me abraçando, que agora ele queria se "passar por bonzinho" na minha frente.. E logo ele me soltou, e esperou ate o final da aula pra todos saírem e poder se despedir de novo com um baraço, sem a repressão de todos. E tem sido assim até hoje.

Conclusão ele é um dos meus melhores alunos, nunca tive problema em classe e durante a aula ele sempre arruma uma desculpa pra me dar um abraço. Diz que quer ir no quadro, me ajudar em algo e assim sucessivamente. Aprendi muito com essa técnica mas com alguns alunos não funcionam e eu tento outras. Achei valida a experiencia e digna de se compartilhar pois como a Ellen me disse uma vez, muitas vezes somos pais e mães ou as únicas pessoas de referencia que esses alunos tem. E o afeto é sempre uma boa resposta.


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