Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Vale a pena participar desse projeto?



Vale a Pena?


Quando eu entrei fui selecionada para participar do projeto ''O CÍRCULO DA MATEMÁTICA DO BRASIL" em julho do ano passado, eu entrei sem saber como poderia ser esse projeto, era um projeto piloto, em que a chamada era "E SE AS CRIANÇAS GOSTASSEM DE MATEMÁTICA?".

Eu olhei aquela chamada e essa pergunta "E se as crianças gostassem de matemática?" prendeu minha atenção de uma maneira que eu quis conhecer o projeto, saber como funcionava, se era POSSÍVEL mesmo fazer as CRIANÇAS gostarem de matemática.

Eu li sobre os professores KAPLAN, pesquisei sobre como era essa maneira de ensinar a matemática e achei bastante INTERESSANTE, e resolvi me inscrever no projeto. Eu me inscrevi e minha VONTADE de participar era tanta que praticamente contei minha vida e minha infância por email para os organizadores do projeto, expliquei minha PAIXÃO por EDUCAÇÃO em especial por ciências e matemática.

Eu envie praticamente no dia do meu aniversário o email, e decidi que queria participar do projeto como presente de aniversário, o curioso é que eu entrei, minha alegria foi tanta mas eu sequer sabia da GRANDEZA desse projeto, eu não tinha idéia do que me aguardava.

Julho de 2013, Porto Alegre, 1º Workshop do projeto. Quando cheguei em POA, eu estava em uma terra estranha caminhando para o desconhecido com apenas a vontade como bússola, e quando cheguei na sala para a primeiro encontro, encontrei um monte de outras pessoas com a mesma vontade que eu, a vontade de descobrir uma nova maneira de DEMONSTRAR a BELEZA da MATEMÁTICA, pessoas, capacitadas, lindas, com um coração enorme e cheias de idéias, desejando mudar a REALIDADE de uma das disciplinas menos cuidadas da educação brasileira.

A sala era o hall de entrada do restaurante do hotel, um hotel bastante alto cuja a vista é inesquecível e foi com essa vista de fundo que conheci os KAPLAN pela primeira vez, lembro-me como se fosse hoje, dois lindos com os SORRISOS mais aconchegantes e SIMPÀTICOS que já vi, lá estavam eles dando boa noite, e eles são tão gentis que não tem como não querer falar com eles, e foi com um "Boa Noite, como a vista aqui é linda!" que iniciamos a conversa, sobre crianças, geometria, brasil...

Eu gostei muito dos Kaplan após aquela noite, mas quando os vi dando aula, entendi o motivo que fez a Angels e o Flávio trazerem eles até aqui, incrível, ESTUPENDA, excelente, são apenas umas pequenas palavras para descrever a aula ministrada pelos Kaplan, quase que mágica, a matemática me pareceu ainda mais EXUBERANTE e eu fiquei morrendo de vontade de EXPERIMENTAR aquelas série de idéias com as crianças.

De volta a Brasília, eu inicie as aulas em uma escola extremamente acolhedora, iniciei as aulas com as crianças, e percebi algumas disparidades entre as crianças que estavam nas aulas dos Kaplan e as minhas crianças, muitas com DIFICULDADES BÁSICAS, além da questão de que elas possuem suas próprias características, e jeitos de querer as coisas, comecei a me perguntar se estava fazendo as coisas da maneira certa, algumas aulas foram ótimas agora outras pareciam que as crianças não se IMPORTAVAM COM NADA.

SERÁ QUE VALE A PENA?

SERÁ QUE FUNCIONA?

O QUE É QUE EU ESTOU FAZENDO DE ERRADO?

E foi ai que comecei a me OBSERVAR, a perceber como funcionava a minha aula, e como as crianças agiam, tinha que conhece-las saber como elas se SENTEM na aula, e ai que entendi o porque que os Kaplan INSISTIAM tanto para que chamássemos as crianças pelos nomes, Maria Clara, Diego, Rayanne, cada uma carregava consigo uma história, uma IDENTIDADE e sim, aprender o nome de cada uma delas era importante, afinal como eu iria mostrar pra elas que a sua história é importante, e assim a DINÂMICA da minha aula foi mudando.

Aproveitava a hora da chamada para perguntar como elas estavam, quais os seus desenhos FAVORITOS, por que vinham a escola, se gostavam da escola, enfim, quaisquer coisas que tinha na cabeça, e com o tempo elas começaram a me perguntar também, "Tia, você é casada?" "A senhora tem FILHOS?" "Porque a senhora gosta de matemática?" essas foram algumas das perguntas que ouvi.

A aula foi mudando, ela parou de ser algo estático, milimetricamente preparado, as crianças começaram a tomar conta, e eu era apenas a MEDIADORA, quando tinha alguma criança não prestando ATENÇÃO chamava ela pra participar, para me ajudar, e isso com toda a turma "EITA, esqueci como se conta, vocês podem me AJUDAR?" "E agora o que eu faço?" "Será que tem um jeito de resolver isso?" e assim eles foram tomando conta da aula.

Em alguns momentos é difícil, chega aquele aluno MALTRATADO, que se acha BURRO, INÚTIL, que sofre VIOLÊNCIAS de todo tipo desde as físicas as verbais, e geralmente são esses que "dão mais trabalho" eles tentam disfarçar esse sofrimento através da bagunça, tenta minimizar a vergonha por se sentir burros não participando das aulas, tentam DIMINUIR a dor da violência causando violência aos outros.

E ai que vem a parte mais COMPLICADA de ser professor, ter que perceber cada um e entender como ele se sente, e auxiliar a extinguir essa dor que eles apesar de tão novos já carregam.

Ai que entram aquelas frases dos Kaplan "WHAT A WONDERFULL IDEA!", e sim dizer que eles são INTELIGENTES, espertos e capazes de serem o que desejarem, se preciso dar uma atividade pra uns e outra pros outros, para trabalhar neles essa percepção, mudar esse AUTOCONCEITO tão errôneo de si mesmo, e aos poucos num trabalho quase que de formiguinha escutei frases do tipo, "Nossa tia, até que EU SOU inteligente", "EU SEI matemática" "É a primeira vez que consigo entender matemática." a melhor parte é ver os olhos brilhando, sabe aquele olhar quando alguém entende algo, quando uma coisa é tão INCRÍVEL que é difícil acreditar ser REAL, é mais ou menos assim.

Outra coisa que me pegou de jeito foi a educação com crianças especiais, nunca tive um contato tão marcante, era como se uma cegueira tivesse sido arrancada de mim, existe toda uma maneira nova de ENXERGAR a vida, e eu vi através de AUTISTAS, Surdos, TDAHs, uma gama de novos jeitos de aprender, pois cada um deles tinham formas diferentes de agir e aprender, eu tive um aluno que passava a aula inteira correndo pela sala e BALANÇANDO a cabeça, de inicio DEIXEI, e de repente quando perguntei "Quanto vocês acham que dá?" o aluno ainda correndo e balançando a cabeça respondeu "30" eu não acreditei, era a resposta certa.

Lembram que eu comentei que não tinha a NOÇÃO DA GRANDEZA DO PROJETO? De fato eu não tinha, e talvez ainda nem tenha, eu MUDEI como pessoa, como professora, pois se a aula não funciona eu tenho que MUDA-LA ate descobrir uma maneira que FUNCIONE, eu tenho que observar muito bem cada um dos alunos, entender seu pensamento, saber quem são. Eu tive que APRENDER a ouvir, ser CALMA, e entender que cada um tem seu tem que não adianta eu naquela vontade de ajudar dar a resposta e ferir a máxima do projeto "ME DIGA E ESQUECEREI, ME PERGUNTE E DESCOBRIREI!"

CONHEÇAM SEUS ALUNOS, entendam como cada um se sente, deixem eles se EXPRESSAR, escute, seja criança para tentar entender o que se passa na MENTE deles, se esforce ao máximo, vai ter dias que você vai tentar de tudo para dar aula, vai ter dias que você vai chorar, mas que uma luz vai BRILHAR durante a aula e aquele aluno que parece nunca entender o que está acontecendo vai começar a entender e você vai dar pulos de ALEGRIA.

Eu achava que esse projeto fosse uma forma diferente de se ensinar matematica, e cada dia que passa percebo que é maior que a própria matemática, VAI ALÉM, como se sim um INFINITO pudesse ser maior que o outro, as experiências e AS ALEGRIAS COM AS CRIANÇAS SÃO INFINITAS e esses infinitos ultrapassam até mesmo o infinito da própria matemática.

Então SIM, VALE A PENA PARTICIPAR DO CÍRCULO DA MATEMÁTICA DO BRASIL!

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