Olá, pessoal!
Bom, como é meu primeiro post no blog (lamento e peço
desculpas), perdoem meu amadorismo. Devo dizer que estou muito grata às
experiências obtidas até agora através do Círculo e que a cada dia não só ajudo
as crianças a descobrirem novas coisas, como elas também, sem saberem, me ajudam
a crescer e redescobrir o mundo delas e isso é incrível.
Gostaria de contar um pouco algo que me chamou bastante
atenção semana passada, e que pude sair de sala extremamente feliz pelo
ocorrido ali. Há tempos eu já vinha “batalhando” em uma turminha, na qual, uma
aluna em especial desde o início das atividades do círculo na escola, vinha
resistindo à metodologia, sempre dispersa, e até mesmo incitando os outros
coleguinhas para que não participassem
das atividades, já que “não valia nada, nenhum pontinho”, como ela mesma
costumava dizer. Nem o nosso coringa,o labirinto, a conquistou. Mas o contrário
mostrou-se presente na nossa última aula, em que eu entrei em sala e comecei a
conversar com eles sobre vídeo games, televisores, máquinas em geral, para então
introduzir a atividade da Máquina de funções. Expliquei que teríamos que
inventar uma máquina especial, que não lavava, não passava, não transmitia
desenho animado, mas que era muito especial porque processava funções
matemáticas, todas que nós quiséssemos, e que eles teriam que criar o formato,
os botões, o desenho como um todo. Logo todos saltaram das carteiras querendo
ir ao quadro e foi neste momento que a aluna que citei no início do texto, me
indagou:
-“ Tia, a senhora deixa eu fazer? Mas tem que ser do jeito
que eu quiser.”
Como numa explosão de maturidade naquele momento, as outras
crianças perplexas, assim como eu, cederam espontaneamente suas “oportunidades”
de criarem um pedacinho da máquina para que a aluna a fizesse. Logo após ela
ter desenhado, eu expliquei como funcionaria a atividade, sobre os números de
entrada e saída e sobre o segredo (que inicialmente seria uma multiplicação por
2). Pedi para que as crianças sugerissem números e se gostariam na entrada ou
na saída, e a aluna disse pra mim “Ah, tia, pede pra outro que eu não sei, não
adianta. O desenho eu já fiz!”. No mesmo momento eu disse que ela ia me ajudar,
porque eu também não sabia e estava pedindo a ajuda deles pra todos nós
descobrirmos juntos, e logo uma das outras crianças foi ao quadro tentar fazer e descobriu rapidamente o
segredo, mas o que me deixou feliz, não foi o fato desta outra criança ter
descoberto rapidamente, e sim, a atitude seguinte quando ela chamou a aluna
dizendo, “Vem cá, olha como a gente tem que fazer, faz aqui comigo”. Foi
difícil conter o orgulho, confesso. Assim a aula prosseguiu e a aluna foi
participando, e como se eu já não estivesse satisfeita o suficiente, ela me
prometeu trazer na próxima aula uma outra máquina no caderno pra eu tentar
adivinhar o segredo.
Se vocês me perguntassem o porquê da mudança de
comportamento da aluna naquela aula eu realmente não saberia dizer, mas, me arrisco
a dizer que foi justamente a “insistência” naquela criança. Em não desistir
dela, em não mandá-la de volta para a sala mesmo quando ela tentava dispersar
as outras crianças, em não se colocar na posição de quem sabe tudo e eles não
sabem nada, em persistir encorajando-os, fazendo-os acreditar que eles são capazes, sim!. De fato, não sei o real
motivo, mas fiquei com uma sensação muito boa de dever cumprido.
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