Abordagem para o ensino da matemática de forma participativa, colaborativa e lúdica para estimular o aprendizado, auto-estima e gosto pela matemática. Projeto apoiado pelo Instituto TIM.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Relaxe. Você irá se divertir, com aqueles que serão seus amigos/as para toda a vida."


Bob cita no nosso caderno 2 sobre a amizade com as crianças. Posso concluir que fiz muitos novos  pequenos amigos durante esse tempo de trabalho.
Em especial gostaria de compartilhar uma situação que aconteceu durante as aulas em uma escola. Quando fui à primeira vez na escola aplicar uns questionários passei por uma situação adversa em sala. Estava lendo os questionários para a turma e notei que uma menina estava quieta sem fazer nada, fui falar com ela e fui completamente ignorado, imediatamente fui até a professora perguntar sobre a aluna que não quis falar comigo, segundo a professora a aluna era assim mesmo, não falava nem com os colegas. Depois disso voltei para tentar conversar com ela, que nem olhava pra mim, mesmo ignorado comecei a falar para ela que vinha de longe para chegar na escola e não gostaria de ver alguém triste já no meu primeiro dia, falei que aquela folha era muito importante e perguntei se ela  poderia pegar o lápis e logo consegui ser ouvido pela primeira vez, ela pegou o lápis e começou a fazer o questionário, perguntei pelo seu nome e fui ignorado novamente, só para não perder o costume rs. Voltei ao centro da sala para dar atenção aos demais, quando ouço um chamado pelo meu nome "Felipi, pode repetir a número 3?" olhei pela sala caçando aquela voz que me chamava e quando notei era ela, fui lá correndo e falei "só repito se você me disser seu nome" ela olhou pra mim, sorriu e finalmente ouvi o nome dela. Ao final do dia já estava bem entrosado com a turma e ansioso pela próxima aula.
A primeira experiência com a turma foi muito legal, logo quando cheguei já fui recebido por gritos, palmas e festa, fiquei sem graça e com vergonha, nada como o frio na barriga do primeiro dia... Estava ansioso para saber como seria em sala com aquela turma que me recebeu tão bem e em especial, saber como a menina se comportaria comigo, mas ela faltou. Tive um dia bem agradável com eles, principalmente pela forma como me chamavam (Felipi), não era nada de tio, nem professor ou outras derivações, era simplesmente o meu nome, isso me fez sentir uma proximidade, um acolhimento fantástico por aquela turma.
Na semana seguinte cheguei um pouco mais cedo e a turma estava na forma... estava... até me ver, eles saíram correndo em minha direção, fiquei sem reação, olhando aquela cena e pensando "já?" "como assim?" "tão rápido!" quando olhei ao meu redor vi aquele grupo em cima de mim e fui falando um por um, tentando chamar cada um pelo nome, lógico que me enrolei com alguns mas acertei em grande maioria, naquela multidão de pequenos vi a menina do meu lado, uma menina da sala dela gritou "você está sorrindo!?" logo perguntei "ué, ela não pode sorrir?" "ela não sorri..." ouvi calado, fingi que não me importei e tentei entender o que estava acontecendo.
As aulas foram acontecendo e foram ótimos momentos, dias de muito aprendizado.
Nessa semana anunciei que seria o nosso último encontro, conversamos e agradeci, a professora falou que quem quisesse podia levantar para falar comigo, resultado: fui jogado na parede por uma avalanche de crianças e quando olhei ao fundo... aquela mesma menina que nem falava comigo estava em sua cadeira de cabeça baixa, chorando... Aquilo acabou comigo, fui um mix de emoções... Por um lado foi nítido a transformação dela no decorrer das aulas e foi algo muito gratificante, mas por outro lado não queria que o ultimo dia fosse dessa forma, não consegui me despedir dela, achei melhor sair enquanto ainda me restava um pouco de controle emocional rs. São momentos como esse que nos faz acreditar na forma como trabalhamos, como podemos nos divertir, brincar, aprender, ensinar, transformar, rir, sorrir, conversar... vivenciar a sala de aula com prazer, sem ser algo chato e desgastante.


Felipi Marques
Duque de Caxias/Rio de Janeiro.



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