Bob cita no nosso
caderno 2 sobre a amizade com as crianças. Posso concluir que fiz
muitos novos pequenos amigos durante esse tempo de trabalho.
Em especial gostaria
de compartilhar uma situação que aconteceu durante as aulas em uma
escola. Quando fui à primeira vez na escola aplicar uns
questionários passei por uma situação adversa em sala. Estava
lendo os questionários para a turma e notei que uma menina estava
quieta sem fazer nada, fui falar com ela e fui completamente
ignorado, imediatamente fui até a professora perguntar sobre a aluna
que não quis falar comigo, segundo a professora a aluna era assim
mesmo, não falava nem com os colegas. Depois disso voltei para
tentar conversar com ela, que nem olhava pra mim, mesmo ignorado
comecei a falar para ela que vinha de longe para chegar na escola e
não gostaria de ver alguém triste já no meu primeiro dia, falei
que aquela folha era muito importante e perguntei se ela poderia
pegar o lápis e logo consegui ser ouvido pela primeira vez, ela
pegou o lápis e começou a fazer o questionário, perguntei pelo seu
nome e fui ignorado novamente, só para não perder o costume rs.
Voltei ao centro da sala para dar atenção aos demais, quando ouço
um chamado pelo meu nome "Felipi, pode repetir a número 3?"
olhei pela sala caçando aquela voz que me chamava e quando notei era
ela, fui lá correndo e falei "só repito se você me disser seu
nome" ela olhou pra mim, sorriu e finalmente ouvi o nome dela.
Ao final do dia já estava bem entrosado com a turma e ansioso pela
próxima aula.
A primeira
experiência com a turma foi muito legal, logo quando cheguei já fui
recebido por gritos, palmas e festa, fiquei sem graça e com
vergonha, nada como o frio na barriga do primeiro dia... Estava
ansioso para saber como seria em sala com aquela turma que me recebeu
tão bem e em especial, saber como a menina se comportaria comigo,
mas ela faltou. Tive um dia bem agradável com eles, principalmente
pela forma como me chamavam (Felipi), não era nada de tio, nem
professor ou outras derivações, era simplesmente o meu nome, isso
me fez sentir uma proximidade, um acolhimento fantástico por aquela
turma.
Na semana seguinte
cheguei um pouco mais cedo e a turma estava na forma... estava... até
me ver, eles saíram correndo em minha direção, fiquei sem reação,
olhando aquela cena e pensando "já?" "como assim?"
"tão rápido!" quando olhei ao meu redor vi aquele grupo
em cima de mim e fui falando um por um, tentando chamar cada um pelo
nome, lógico que me enrolei com alguns mas acertei em grande
maioria, naquela multidão de pequenos vi a menina do meu lado, uma
menina da sala dela gritou "você está sorrindo!?" logo
perguntei "ué, ela não pode sorrir?" "ela não
sorri..." ouvi calado, fingi que não me importei e tentei
entender o que estava acontecendo.
As aulas foram
acontecendo e foram ótimos momentos, dias de muito aprendizado.
Nessa semana
anunciei que seria o nosso último encontro, conversamos e agradeci,
a professora falou que quem quisesse podia levantar para falar
comigo, resultado: fui jogado na parede por uma avalanche de crianças
e quando olhei ao fundo... aquela mesma menina que nem falava comigo
estava em sua cadeira de cabeça baixa, chorando... Aquilo acabou
comigo, fui um mix de emoções... Por um lado foi nítido a
transformação dela no decorrer das aulas e foi algo muito
gratificante, mas por outro lado não queria que o ultimo dia fosse
dessa forma, não consegui me despedir dela, achei melhor sair
enquanto ainda me restava um pouco de controle emocional rs. São
momentos como esse que nos faz acreditar na forma como trabalhamos,
como podemos nos divertir, brincar, aprender, ensinar, transformar,
rir, sorrir, conversar... vivenciar a sala de aula com prazer, sem
ser algo chato e desgastante.
Felipi Marques
Duque de Caxias/Rio de Janeiro.
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